quinta-feira, 19 de abril de 2012

Mãe.

Minha mãe fez aniversário dia 15. Mas na verdade eu me lembro dela todos os dias. Hoje eu já não sinto tanta saudades. Sinto falta, claro, mas, sinceramente?! Adoro que exista a "casa da minha mãe" e a minha!
De tudo, de todo exemplo que minha mãe é para mim, nada é mais lindo do que sua sabedoria para educar e coragem para "deixar ser". Minha mãe foi estudar fora em uma época que as meninas não saiam das casas dos pais sem antes casar, foi faezr um curso que não era muito costumeiros para moças, afinal não era letras, nem normal superior ou pedagogia. Nessa aventura toda, passou muitas necessidades para realizar seu sonho. E mesmo assim se tornou essa mulher linda e doce que é. Eu sinto orgulho de tudo nela. Mas em uma coisa ela é especial: criar filhos.
Ela jamais concordaria, é modesta demais, mas eu juro que ela poderia escrever um livro sobre isso.
A qualquer primo meu que você perguntar, vai ouvir que minha mãe é/era brava e é verdade! Afinal, criar 3 filhos sozinha requer linha dura. Mas em meio a tanta disciplina, ela sempre nos ensinou a correr atrás, a me virar e a não desistir. Por muito tempo eu achava que ela tinha que me ajudar mais, fazer as coisas diferentes...Aí veio Marília na minha vida (a cidade mesmo, não, eu não tenho uma filha, nem namorada!) e fui eu quem saiu para o mundo, para os milhões de desafios e dificuldades que surgem na sua frente quando você sai da asa da mãe. De repente, a gente já não brigava mais por bebeira, eu não argumentava tanto, e tudo pelo que ela vinha lutando a tanto tempo, enfim fez sentido: não, minha mãe não me criou para ela, mas sim para o mundo e para mim mesma. Minha mãe me criou, me educou, deu o melhor de si para mim, fez questão de me ensinar coisas chatas, fez questão de me mostrar a verdade para que pudesse me deixar voar sem (muita) preocupação.
E mal sabia eu que era tudo o que eu queria, aliás, tudo o que toda pessoa quer (ou deveria querer, na minha opinião!) ser livre!
Sei que a liberdade plena é algo tão surreal quanto a felicidade plena, mas ao me deixar abraçar meus sonhos e desejos, ao me deixra partir, minha mãe me concedeu, totalmente ciente, o voo da liberdade. Permitiu-me escolher por onde queria ir, quando queria ir e como queria ir, estava lá, me ajudou em tudo, chorou horrores, mas partiu.
Meu coração parou e minha garganta se fechou, ela me confessou tempos depois que quis voltar, mas não voltou. Eu estava lá, sozinha. E ao mesmo tempo eu estava lá cheia de tudo que ela colocou na minha bagagem: amor, carinho, fé, persevença, coragem, sonhos... e eu não estava tão sozinha assim.
Todos somos diferentes e por isso nossas necessidades também, mas minha mãe me conhece tão bem que sabia como eu preciso ser independente, como isso está tão atrelado a minha felicidade e por mais que ela me quisesse sempre a vista de seus olhos, ela me deixou partir.
Eu fico pensando qual o tamanho desse amor...que escolhe, que assume, que gera, que cria, que educa, que da apenas o melhor, que se sacrifica, que ensina, que aconselha, que puni e que, no fim das contas, deixa de lado sua vontade e desejo para que o outro seja feliz, e deixa partir...
Minha mãe foi a pessoa que melhor me leu na vida, por mais que eu tenha levado infinitos anos para entender e admitir isso, ela desde sempre sabia da minha personalidade, sabia das minhas necesisdades e ambições e ela foi mãe demais, amor demais, confiante demais para ter a coragem de me criar para o mundo e me devolver a ele da melhor forma possível!
Eu preciso agradecer todos os dias pela mãe maravilhosa que Deus me deu, que com tanta coragem soube apenas me pegar emprestado e que com tanto amor, me deu sempre o melhor de si, mesmo sabendo que eu não sou dela.


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