quarta-feira, 27 de junho de 2012

Arthur da Távora

Achei o texto perto do dia dos namorados.
Nunca tinha ouvido falar no cara, embora já conhecesse um texto sobre... Namorados (!) dele.

"Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender.

Tenho visto muito amor por aí, Amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva,mas esbarram na dificuldade de se tornar bonito. Apenas isso: bonitos,belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.

Aí esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais de repente se percebeu ameaçados apenas e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram; exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de compreender; necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que atendem; enchem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo no amor.
Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reinvindicar, de exigir justiça, equidade, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Nem queira. Ter razão é um perigo: em geral enfeia o amor, pois é invocado com justiça mas na hora errada. Amar bonito é saber a hora de ter razão.

Ponha a mão na consciência. Você tem certeza que está fazendo o seu amor bonito?
"

Como é difícil não querer ter razão!
Acho que eu sou muito responsável pela cara feia que meu amor fica às vezes!

Crônica de um amor só

Eu fui uma criança/adolescente dessas que se metiam em tudo, sabe? Com um histórico extracurricular de dar inveja! Hahaha! E uma dessas muitas atividades, era cantar no coral. E a gente cantava uma música, que eu sabia de cor até pouco tempo, mas agora não me vem completa, quando eu terminar de escrever, procuro no google e coloco ela aqui em baixo. A música era uma declaração de amor e tinha uma parte que dizia: “(...) mas todo grande amor só é bem grande se for triste (...)”. A verdade é que eu adorava cantar a música, mas nunca entendi como que para um amor ser grande, ele precisa ser triste. É engraçado, mas depois de tantos anos, por várias vezes eu me recordei desse pedaço da música e ficva tentando entender até em distrair e largar isso pra lá.
Agora, com 24 anos, no mínimo uns 14 anos desde quando eu aprendi essa música, ela fez sentido pela primeira vez. E é tão verdade que essa letra me encucava, que foi a primeira coisa que eu pensei quando constatei minha situação: pela primeira vez na minha vida eu baixei a guarda, deixe-me expor sem ressalva, não quis ter razão, nem ganhar... e pela primeira vez, eu perdi feio para mim mesma. É como se depois de alguns traumas e muitas responsabilidades, eu tivesse me blindado de qualquer coisa que não pudesse manter sob meu controle, que não pudesse saber exatamente para onde me levaria ou que eu não pudesse eu mesma resolver. Daí vem toda essa segurança, rigidez, perspicácia, agilidade, desapego e eu sempre fui muito feliz assim, sinceramente não tenho do que reclamar, tenho é um orgulho até, de ter passado por muitas coisas, superado desafios, ter me “auto imposto” tantas metas difíceis, de nunca ter me contentado com pouco, de dar sempre o máximo de mim em tudo que me disponho a fazer...
E aí, vem aquela outra frase, que (essa) eu sempre entendi: “Quando a gente acha que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas”. Eu me apaixonei. E por mais que eu tentasse me manter simplesmente eu mesma, não deu. Eu baixei a guarda antes mesmo do apito final, entreguei o jogo e perdi por W.O. Eu, euzinha, eu mesma, como eu sou, nem entrei em campo. Um vexame.
E desde então, muita coisa boa aconteceu, muitos momentos que já são eternos mesmo sem terem terminados, muitos risos que vão ecoar para sempre e lembranças tão vivas que nem parecem findas. Sem dúvidas, eu encontrei amor e encontrei o amor. E ao encontrar o amor, entendi a música, entendi com tanta perfeição, que (como eu disse) ela veio de imediato na minha cabeça, no instante em que o 0,001% de algo ruim aconteceu. Mesmo diante daquele oceano de alegria, a única gota amarga doeu tanto no peito, que eu não tive dúvida que “todo grande amor só é bem grande se for triste”.
Então é isso, se eu quero viver amor, ter amor, ser amor, de verdade, eu tenho que estar assim: com os escudos abaixados e peito aberto, frágil e indefesa, inclusive para o que não for tão bom assim. Porque o amor só se realiza onde há coragem suficiente para sofrer, onde não há controle e nem proteção; o amor acontece onde a gente é mais frágil e do jeito mais perigoso, talvez porque ele quer continuar sendo assim especial, tão inexplicável ou talvez porque é assim que ele nasceu, da entrega total.
Não foi fácil aceitar que eu, sempre tão detentora de tantas respostas, que me protegi tanto, me encontrasse assim tão vulnerável e pior (!)... escolhesse permanecer assim. Mas é que tem um detalhe, a música continua: “(...) por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer, que todos os caminhos me encaminham pra você.”!




Eu não existo sem você
(1958)

Composição: Tom Jobim e Vinícius de Moraes


Eu sei e você sabe

Já que a vida quis assim,

Que nada neste mundo

Levará você de mim,

Eu sei e você sabe

Que a distância não existe

E todo grande amor

Só e bem grande se for triste

Por isso, meu amor

Não tenha medo de sofrer

Pois todos os caminhos

Me encaminham pra você

Assim como o oceano

Só é belo com o luar

Assim, como a canção

Só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem

Só acontece se chover

Assim como o poeta

Só é grande se sofrer 

Assim como viver

Sem ter amor

Não é viver

Não há você sem mim

E eu não existo sem você.

Assim como o oceano

Só é belo com o luar

Assim, como a canção

Só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem

Só acontece se chover

Assim como o poeta

Só é grande se sofrer

Assim como viver

Sem ter amor

Não é viver

Não há você sem mim

E eu não existo sem você.